“Menino veste azul e menina veste rosa”

em

Essa foi a declaração da nossa ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. Claramente, ele não sabe nada de história. Aí, ontem eu li o post da incrível Mel do @repeteroupa, no Insta e no Blog dela, e recomendo fortemente.

Não vou repetir o texto aqui, mas só pra iniciarmos a conversa, um trecho do post dela:

“até o século XVIII esse era o senso comum cultural: uma roupa de criança tem que ser prática para trocá-la e fácil de lavar: toda criança, até mais ou menos os 7 anos de idade, usava vestido branco. VESTIDO BRANCO.”

Sim, é isso mesmo que vocês leram. Todo mundo usava branco. Não tinha diferenciação por sexo. Porque? Porque não precisava.

A declaração infeliz da nossa ministra só nos mostra que, além dela não saber história, nunca pesquisou em um dicionário.

Cor, de acordo com o dicionário, é “Impressão que a luz refletida pelos corpos produz no órgão da vista.” (Aurélio) Ou seja, não tem nada de gênero aí. Não tem nada falando que você não pode usar uma determinada cor se você for menino ou menina. Não tem uma razão pra você não usar uma cor que você queria. Cor não determina gênero, muito menos papéis e responsabilidades na nossa sociedade.

Mais uma declaração bombástica da querida Mel:

“até meados do século XIX a cor considerada ideal para os meninos era rosa: uma cor forte, vibrante e mais DECIDIDA. para as meninas, sobrou o azul, considerada uma cor delicada e frufruzenta.”

POIS É.

E se você está lendo esse texto e achando que não tem nada a ver com o que eu escrevo no meu blog, nem do que posto no Instagram, pense novamente, pois tem muito. Tenho cabelo curto e compro em brechó em uma sociedade que fala que mulher precisa ter cabelo comprido e que você precisa ter um vestido novo toda semana, de fast fashion. Todo dia, quando posto um look no meu Insta, estou lutando contra uma sociedade que acha que a mulher foi feita para agradar o homem, por isso precisa ter cabelo comprido, ser magra, usar um certo tipo de roupa. Uma sociedade que fala que mulher de quadril largo não pode usar saia que marca, mulher que tem barriga não pode usar cropped nem bikini, que misturar muita estampa é feio. A moda não é fútil, ela faz parte da nossa sociedade e está intrinsecamente ligada à história.

Essa declaração da nossa ministra é um (ou muitos) passo para trás na luta por uma sociedade que deveria olhar o interior das pessoas, não seu exterior. Não importa a cor que estamos usando. O que importa é tratarmos as pessoas com respeito, independente de cor, origem, classe social, gênero…

Imagina uma casa com uma menina ou um menino pequeno cujos pais acreditam na declaração da ministra? Imagina como essa criança vai crescer? Imagina usar uma cor pra definir o que uma pessoa pode ou não usar?

Sinto que estou dando murro em ponta de faca e repetindo algo que pra mim é óbvio, por isso paro por aqui. Leiam o post da Mel, estudem história.

2 comentários Adicione o seu

  1. Mara disse:

    Que bom ter encontrado esta mulher de cabelos curtos e roupas de brechó. Faço cinquenta anos esse ano e conheci o veganismo há uns dois anos; dotei a dieta há um ano e meio, até agora, sozinha em minha casa, de modo que, há muito consumo de animal por aqui, por isso, sou vegetariana e não vegana. Agora, que as roupas antigas vão acabando, vestir-me tem sido complicado, e também, não compreendo bem essa coisa de “marca vegana” × indústria da moda. Só me desfiz das coisas de couro, mas vou deixando as roupas irem até o fim. Chegando ao fim? Não sei. Sapatos, não posso usar qualquer um, pois tenho problemas na coluna; muitas vezes, passo periodos indo trabalhar (professora) só de tênis, com bons amortecedores de impacto… Gostei das ‘roupetas’e composições do instagram. Você me animou a voltar a tentar me arrumar um pouquinho. Abraço

    Curtir

    1. Ligia Romão disse:

      Oi Mara tudo bom? fico feliz que gostou dos meus posts! 🙂 marca vegana é uma marca que não usa produtos de origem animal, mas uma marca não vegana pode ter produtos sem origem animal também. Sapato é dificil comprar em brechó, eu procuro marcas veganas (tipo Urban Flowers, Insecta Shoes) ou marcas que tem uma linha vegana (tipo Yellow Factory). O bom de roupa de brechó é que ela dura muito, não é descartável igual roupa de fast fashion…posto mais looks no instagram do que aqui, depois dá uma olhada 😉 obrigada novamente! beijo

      Curtir

Deixe um comentário