“Pena que tenha partido tão cedo, sem sequer ter completado 43 anos de idade, vítima de um miserável câncer no cérebro! Talvez Deus e tenha levado por ser tão especial, mas levou junto talvez a minha maior frustração de menino que eu era nos meus 19 anos… Estava há 15 dias no meu primeiro emprego formal e tinha sonhado em dar a ela um presente com meu primeiro salário…acontece …. Mas ela me inspirou a continuar na luta e ao longo da vida tive a sensação clara que ela estava por trás de muita coisa boa que aconteceu comigo, colocando-me em situações muito favoráveis e salvando-me de muitas desfavoráveis e difíceis!”
“Sempre tive admiração e respeito por ele e acho que perdê-lo foi como perder minha referência e me deixou literalmente órfão, cometendo erros que talvez não tivesse cometido caso ele estivesse vivo, porque sempre pensava como ele reagiria, ou como julgaria … Mas de todas as qualidades que tenho em exaltar dele foi a sua obstinação e denodo em fazer de tudo para salvar minha mãe, mesmo sabendo que as chances eram mínimas ou até impossíveis… Foi mais longe, gastou além do que tinha e após a morte dela teve que praticamente recomeçar a reconstrução de um patrimônio exaurido.”
Esses trechos, sobre a morte da minha vó e do meu vô, respectivamente, são do livro que meu pai tinha começado a escrever. Meu irmão achou no iPad dele. Ele escreveu uma introdução e 2 capítulos, suas primeiras 2 décadas de vida.
Nunca entendi verdadeiramente como ele sofreu quando perdeu a mãe e o pai dele até eu perder ele. Ler os relatos dele também me mostrou algumas coisas que nem sempre ele demonstrou quando estava vivo, talvez por não querer ver ninguém triste ao redor dele. Inclusive alguns relatos do livro eu não lembro dele contando, ele teve momentos sofridos nessas 2 primeiras décadas.
Ele nunca terminou o livro, mas o que ele escreveu escreveu com paixão e carinho, e lendo aquelas palavras parecia que ele estava do meu lado, contando a história dele pra mim. Então, divido com vocês, leitores que me acompanham, o que meu pai escreveu da vida dele. Elcio Luiz Romão em toda sua glória. Se você conheceu meu pai, vai saber do que eu estou falando. Se não conheceu, é um relato simples e sincero da vida nos anos 50-70.
Livro Introdução início
Hoje é terça-feira de carnaval, dia 04 de março de 2014, dia que finalmente começo a escrever o meu livro, há muito sonhado e idealizado mas também muito adiado.
O ultimo “empurrão” aconteceu após iniciar a leitura do livro ” Douglas” que tem o mesmo objetivo que o meu, ou seja não há a pretensão de que seja um livro comercial onde pretendo ensinar alguma coisa ou defender uma tese.
O único objetivo é contar minhas estórias, que formam minha história de vida! Deixar um legado, para que meus filhos possam mostrar aos meus netos quando não estiver mais nesse planeta!
Em nenhum momento, mesmo que os fatos relatados possam parecer, terei a intenção de reclamar de QUALQUER coisa que me aconteceu ao longo da minha vida! Relatarei o que sentia no momento que vivia cada situação.
Com esse livro, completo também o famoso e antigo dito popular de que o Homem tem que passar pela Terra e deixar 3 coisas! Ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro! Só faltava o livro!
Como disse que o ultimo “empurrão” foi o “Douglas”, tomarei a liberdade de dividir o meu livro também em décadas de vida! Serão as décadas E L C I O. L R , ou seja 7 décadas de muita vida e vibração!
Antes do livro preciso deixar bem claro algumas coisas! Todos os acontecimentos aqui narrados foram vividos por mim diretamente, ou seja, não utilizarei de qualquer experiência vivida por outrem, assim como muitas pessoas aqui citadas também são verdadeiras e caso ache necessário preservar algumas dar-lhes-ei nomes fictícios, embora não acredito ser necessário!
As lembranças especiais são para aquelas pessoas que aqui não vivem mais, mas que tiveram papel importante na formação do meu caráter e dos meus princípios!
Aa minha mãe D.Wilmea, até no nome uma pessoa diferente e diferenciada, que não se vê muito facilmente nos dias de hoje! Dona de um caráter reto austero, muito rígida com ela mesma e com quem convivia! Amava a nós filhos, com um carinho muito protetor, zelosa nos cuidados com nossa saúde, nossas roupas, nossa alimentação, mas principalmente na nossa educação, tanto a escolar quanto a de cidadão! Abnegada como mulher e ciente de suas obrigações não se conformava com as coisas erradas e não era de fazer “média” com ninguém, fosse seu pai sua mãe, seu marido ou qualquer outro. Com os filhos então era muito rigorosa embora com um coração muito bom às vezes até exageradamente usado (seu coração) por algum filho! Católica fervorosa e praticante respeitando muito os dogmas da Igreja, nos educando nessa linha. Era da Congregação ” Filhas de Maria” e comungava todos os domingos na missa das10, horário que mais gostava. Uma pequena passagem na vida dela monstra o critério e postura dessa mulher muito especial. Meu avô era um homem de vida regrada não podendo fazer gastos extras. Na época, lá pelos anos 40, o homem trabalhava e tinha que arcar com todas as despesas sem qualquer ajuda do governo! Minha mãe e sua irmã Wine tinham acabado o curso médio e pra pra fazer o curso chamado de “normal” que dava direito ao diploma pedagógico de professora pra lecionar. Como meu avô não tinha condições financeiras de arcar com uniformes e material para as duas, meu avô chamou minha mãe e disse-lhe ser dela a preferência, por ser a mais velha! Minha tia Wine, mais nova, apesar de triste entendia a situação mas não contava com um gesto altivo da Wilmea, que disse ao pai que abriria mão pela Wine ! Essa atitude fez da minha tia uma eterna grata que nos contou essa história várias vezes mostrando um reconhecimento sem limites! Pena que tenha partido tão cedo, sem sequer ter completado 43 anos de idade, vítima de um miserável câncer no cérebro! Talvez Deus e tenha levado por ser tão especial, mas levou junto talvez a minha maior frustração de menino que eu era nos meus 19 anos… Estava há 15 dias no meu primeiro emprego formal e tinha sonhado em dar a ela um presente com meu primeiro salário…acontece …. Mas ela me inspirou a continuar na luta e ao longo da vida tive a sensação clara que ela estava por trás de muita coisa boa que aconteceu comigo, colocando-me em situações muito favoráveis e salvando-me de muitas desfavoráveis e difíceis! Enfim perdi mamãe com 19 anos mas a tive sempre ao meu lado durante toda minha vida!
Papai, grande Paulão, Paulo , nome forte cuja maior referência é do ateu que virou no talvez, maior cristão da humanidade!
Meu herói, meu exemplo aquele a quem eu dedicava minha trajetória de vida mesmo sem ele saber. Trabalhador, honesto e muito ambicioso mas sem ferir seus princípios, mas com uma vontade muito grande de dar conforto e segurança a mulher que ele adorava de paixão e para os filhos que sempre queria dar o melhor, muitas vezes acho mais por querer atender aos apelos da mamãe, principalmente na excessiva proteção que muitas vezes ela fazia dos filhos! Papai teve papel importantíssimo na minha vida profissional, que contarei no momento oportuno da época certa… Sempre tive admiração e respeito por ele e acho que perdê-lo foi como perder minha referência e me deixou literalmente órfão, cometendo erros que talvez não tivesse cometidos caso ele estivesse vivo, por que sempre pensava como ele reagiria, ou como julgaria … Mas de todas as qualidades que tenho em exaltar dele foi a sua obstinação e denodo em fazer de tudo para salvar minha mãe, mesmo sabendo que as chances eram mínimas ou até impossíveis… Foi mais longe, gastou além do que tinha e após a morte dela teve que praticamente recomeçar a reconstrução de um patrimônio exaurido … Vivi com ele um a situação muito emocionante! Estávamos passeando em Bariri, interior de São Paulo, ele já casado novamente, ao passarmos em frente a casa onde minha mãe tinha morado e onde ele a tinha conhecido, parou o carro e começou a chorar dizendo “Sua mãe era uma mulher incomparável, amei-a muito continuo amando-a e amarei até o final da minha vida!” Preciso dizer mais alguma coisa de um homem como ele? Palmeirense verdíssimo, foi um dos responsáveis pela escolha alviverde! Um dos, já o outro…
Vovó Carlos. Avó paterno de quem as lembranças explicam o caráter e a personalidade da mamãe. Integro, honesto e trabalhador! Politizado e de quem devo ter herdado também o prazer pelo jogo de baralho. Completou a minha “formação” de Palmeirense!
Minha avô paterna Victoria, que não tive muita convivência por termos morado sempre distantes mas que me tratou sempre com muito carinho! Infelizmente não conheci meu avô paterno!
Minha avô materna, querida vovó Zica, mulher de personalidade forte que só a maturidade dos anos permitiu-me entendê-la melhor! Só tenho a agradece-la por ter morado com ela por três anos embora na época tenha às vezes me revoltado com algumas coisas mas que hoje eu consigo entender e não guardar qualquer mágoa! Mesmo sendo obrigado a assistir Silvio Santos aos domingos e muito pouco da Jovem Guarda! Rsrsrs
Dona Maria do Patrocínio, minha querida tia Nené , minha madrinha de batismo que tinha a alma mais pura que conheci, sem maldade, sem nunca ter maltratado ninguém que até o final da vida conservou um bom humor que convivia muito bem entre nós seus jovens sobrinhos! Nunca foi casada e sempre brincávamos com ela perguntando se era virgem e eu tenho a certeza que ela morreu virgem de corpo e de alma porque passou pela vida sem pecar contra os mandamentos de Deus! Pelo menos na minha visão!
Tia Olga, tia não de sangue mas que foi pra nossa família e em particular para mim muito mais que especial em minha vida, pela forma como me recebeu na sua casa onde morei por mais de 5 anos e sempre me tratou como um filho. Sabemos que embora o meu tio Willy era o irmão da minha mãe e portanto quem deveria me “aceitar” ou não, na prática as coisas do acontecem quando a mulher quer e tia Olga nunca fez diferença entre um sobrinho seu legítimo ou um sobrinho do seu marido! Mesmo que não tivesse me feito nada diretamente eu já ser-lhe-ia grato demais por tudo que fez pra minha mãe e meus irmãos!
Tia Wine já citada acima sempre teve muito carinho por nós e por mim muito em razão da sua gratidão com minha mãe! Terá passagem importante contada em momento específico! Seu marido Nelzor acho que gostava de mim mesmo com seu jeito meio grosseiro de ser!
Tio Zé Carlos, mesmo comeu seu jeito diferente participou também!
A todos os tios que não tive muita convivência mas que de certa forma passaram pela minha vida! Tia Jurema, tio Carlito, principalmente!
A muitos amigos que se foram com quem tive muita amizade e convivência e também participaram da minha vida de forma marcante!
Graciano, amigo de Jaú, grande dançarino dos bailes de final de semana, além de poeta nato! Único defeito – curintiano! Rsrsrs
Chico Toledo, super amigão que sempre me tratou muito bem e me ajudou muito profissionalmente e me ensinando coisas importantes! Grande figura e amigo leal.
Fernando Sefton, que demonstrou muita amizade lealdade e respeito mesmo sendo meu superior hierárquico.
Aos meus professores em especial prof. Elenice Monteiro de Umuarama de quem nunca esqueci o nome. A todos os professores e padres do Colégio Cristo Rei e do Seminário Vicente Palotti .
Houve também pessoas que tiveram influência positiva em minha vida, mesmo sem conhecê-las pessoalmente!
A equipe de esportes da radio Bandeirantes de São Paulo, conhecida nos anos 60 como ” scratch do radio” foi companheira importante pelo meu radinho portátil durante minhas tardes de domingo e quartas feiras à noite, longe dos familiares e da cidade onde morava!
Hélio Ribeiro, nome artístico de José Magnoli, que aprendi a ouvir no final dos anos 60 através da radio Tupi e depois no início dos anos 70 na radio Bandeirantes! Seus ensinamentos de civilidade, moral e bom comportamento. De respeito aas pessoas, as leis de Deus, enfim teve influência positiva sim.
Décadas – década E 1 – Do nascimento aos 10 anos ….1950 a 1959
14 de agosto de 1950 segunda-feira nove horas da manhã!
Ouvia sempre de minha mãe que estava um dia lindo de sol, talvez pra iluminar a chegada de mais um leonino que vinha ao mundo! rsrsrsrs
Essa década, por razões óbvias, tenho poucas lembranças e tentarei trazer momentos pontuais desses primeiros 10 anos de vida!
Nos anos 50 comecei a gostar de futebol, sempre pelo radio ao lado de meu pai! Lembro-me vagamente de um jogador chamado Mazolla que depois foi
Ra Itália e virou Altafini.
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Recordo-me de 1958, quando o Brasil ganhou a primeira Copa do Mundo e a festa na cidade de Arapongas onde morávamos!
Aliás foi lá que iniciei meus estudos no primeiro ano do grupo escolar, como era chamado. Antes disso tinha frequentado o “jardim de infância” na cidade de Pirajuí cidade do interior paulista, pertinho de Marilia.
De Pirajuí tenho 2 lembranças muito marcantes mesmo que tenham acontecido antes de eu completar 7 anos.
Uma foi um acidente que tinha tudo pra ser grave mas que acabou apenas como um susto, mas que deve ter tido uma importância vital na questão obediência para o resto da minha vida. Apesar dos alertas de mamãe tentei subir numa prateleira de madeira que ficava no quintal (sim gente, todas as casas tinham espaçosos quintais) e onde eram guardadas as garrafas vazias … Fui subir no degrau inferior da prateleira e o óbvio aconteceu… a prateleira veio abaixo e por sorte um dos vãos passou pela minha cabeça sem tocar. O susto foi muito grande pois fiquei cercado por garrafas quebradas mas sem sequer um ferimento mas com uma grande lição pro resto da vida! E a prova veio muito rápido. Havia uma pequena reforma em casa e eu e meu único irmão na época, Paulinho, dois anos mais velho, tentávamos ajudar a carregar alguns tijolos de fora pra dentro de casa. Lembro-me da advertência dele que deveríamos carregar apenas um tijolo de cada vez. Depois do susto que passei nem pensei em desobedecer, mesmo porque acho que um já era peso suficiente para as minhas forças, mas como todo irmão mais velho, Paulinho não se conformava de carregar apenas um tijolo, igual ao irmão mais novo. E ai? Tropeçou e os tijolos caíram no seu pé … Arrebentou a unha do dedão e além da dor por isso levou uma bela surra do pai Paulão mesmo com a interferência de mamãe e vovó Zica que estava em casa…
Hoje tenho consciência de que esses dois fatos me marcaram muito e fizeram de mim um filho muito obediente até a idade adulta …
Durante o período que moramos em Pirajuí também moramos em Quintana, bem pertinho de Marilia também, onde nasceu o terceiro filho em 1954, mano Aírton Tadeu …
Voltando a Arapongas as lembranças de uma casa muito gostosa … Tinha um quintal muito grande com muitas árvores frutíferas como abacateiro e ameixeira entre outras… Subir no abacateiro era gostoso demais…
Nessa casa também tenho a lembrança de um acidente, esse muito grave, que teve consequências na minha vida. Sabem aquelas casas que tinham degraus de cimento de cor vermelho forte? Nessa casa havia esses degraus na parte de trás que dava no quintal. Um belo dia subi na bicicleta que ficava nessa parte da casa e aí aconteceu… O mano Aírton, no alto dos seus 3 anos de idade, sem a mínima noção do que fazia, empurrou-me enquanto eu montava na bike e sem equilíbrio cai de boca no degrau dessa escada vermelha… Meu queixo abriu-se e a recordação traumática de minha mãe correndo comigo no colo em direção ao médico/ hospital gritando nunca saiu de minha memória! Recebi alguns pontos e vocês devem imaginar como eram as coisas em 1958 no interior do Paraná…as sequelas ficaram até a minha idade adulta e a cicatriz só desapareceu completamente após meus 49 anos… Faço aqui uma confissão , eu tinha um complexo muito grande que minha boca era um pouco torta e sofria muito com os comentários que ouvia … coisas da vida…
Arapongas ficou marcada também pela primeira e única surra que me pai me deu… e infelizmente, mais uma vez teve a participação de um irmão… Grande Paulinho, encarregado de ir comigo até a escola, embora não gostasse muito pois já fazia parte de um grupo mais velho, afinal estamos falando de dois anos de diferença, e na época era distante sim. Na primeira semana Paulinho me disse – “Elcio, vamos passar num bar pra pegar umas coisas pra gente comer que o Pai tem conta lá e depois ele paga.” E assim fizemos até que chegasse a ele a conta pra receber… Chegando em casa no final da tarde estranhei ao ver meu pai na varanda e ao entrar (vim correndo um pouco antes do meu irmão) pegou-me pelo braço e levou-me ao quarto onde deu umas cintadas enquanto perguntava porque tinha feito aquilo (comprar na cota dele) ? Na ingenuidade dos meus 8 anos disse a verdade e então largou- me e foi esperar pelo mano Paulo que levou também uma bela surra…Lembranças gostosas e marcantes…
Arapongas também ficou marcada pelo Natal de lembrança especial, quando ganhei de Papai Noel uma linda bicicleta vermelha, com rodinhas auxiliares.
Foi em Arapongas também que nasceu Reinaldo o quarto da dinastia em 1958. Estávamos em Jau passando nossa férias, eu e Paulinho. (janeiro de 1958) e qdo ele nasceu fomos com meus avós até lá. Que eu me lembre foi uma das viagens mais sofridas para mim, pois até os 17 anos eu sofria demais com viagens terrestres e nessa viagem foram quase 500 km de sofrimento …
Durante o ano de 1959 moramos em Ponta Grossa, onde cursei o segundo ano primário. Era uma cidade maior e mais moderna muito perto da capital do estado e que também tinha fama de ter boas escolas públicas. A passagem foi muito rápida e de lá só tenho a lembrança de nossa mudança, a saída do caminhão com nossas coisas…
Daí fomos para Jau, morar com meus avós maternos, vô Carlos e vó Zica…isso aconteceu no início no final de 1959 e 1960 viria a ser um ano marcante para nossa família. Meu pai nos deixou em Jaú e foi para São Paulo tentar alguma coisa pois tinha sido demitido do Banco onde trabalhava. Vinha a cada 15 dias nos ver e minha mãe deve ter sofrido muito sendo obrigada a morar com seus pais e com três filhos. E mais uma vez eu era obrigado o mudar de escola, terceiro ano primário, terceira escola diferente, terceira casa diferente, num ambiente totalmente novo. Na época havia muito preconceito das escolas paulistas com as de outros estados o que tornavam as coisas ainda mais difíceis, mas ao mesmo tempo desafiadoras. E foi aí, acho eu, que ” nasceu” o Elcio competidor, o Elcio lutador, aquele que aprendeu a gostar de desafios, para enfrentá-los e vencê-los. Minha tia Wine na época era professora primária de uma grupo escolar que ficava muito perto da casa da minha avó, que morava na Rua Tenente Navarro. A escola se chamava Grupo Escolar Dr. Pedro Rodrigues. Como eu já disse antes, minha tia só conseguiu se formar por desistência de minha mãe e sempre teve um sentimento de gratidão muito grande por isso, e essa situação a deixava com a possibilidade de tentar mostrar à sua irmã o quanto ela era grata. Levou-me até a escola mas houve muita resistência de todo corpo docente, inclusive do próprio diretor, Sr. Paulo se não me engano, que alegava a tão falada diferença de nível das escolas públicas paulistas, que tinham mesmo um padrão acima das demais do Brasil. Além disso tinha um outro problema, não havia vaga no terceiro ano, onde eu deveria estudar. Por uma coincidência que só os desígnios celestiais talvez possam explicar, minha tia dava aulas exatamente para o terceiro ano e num gesto corajoso propôs ao diretor que lhe fosse dada a incumbência e responsabilidade de ter-me com seu aluno. Segundo ela, foi necessária uma autorização especial da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e como não havia previsão desse aluno “intrometido”, foi necessário que fosse colocada uma carteira na frente de todos, fora dos padrões antes estabelecidos.
Essa escola era muito bem conceituada e importante pra minha tia e essa responsabilidade por ela assumida poderia marcar sua carreira, positiva ou negativamente. Eu era um menino de 9 anos de idade e não sei como, talvez até naturalmente, entendi que o meu sucesso também seria muito importante para minha tia Wine. Foi um ano difícil, via meu pai de vez em quando e minha mãe aflita. Teve também o lado bom de me aproximar mais ainda do meu avô Carlos com quem acompanhei pela primeira vez ouvindo a radio bandeirantes a noite, em jogo da Taça Brasil contra o Fluminense se não me engano.
No final da década lembro com clareza da decisão do super campeonato Paulista de 59, cuja disputa aconteceu no início dos anos 60! O título foi disputado em melhor de 3 jogos! Nos 2 primeiros houve empate de 2 a 2 e 1 a 1. Na grande decisão Palmeiras 2 a 1 contra o time de Santos! O incrível desse evento é que anos depois conheci os dois goleadores da final! Julinho Botelho e Romeiro. Conheci a casa de Julio Botelho na Penha onde tive o prazer de tomar um café com ele num domingo. Com Romeiro a convivência semanal na lanchonete do antigo e saudoso Palestra Itália, onde fazia questão de dedicar-lhe 5 minutos para fazê-lo ouvir a descrição do seu gol de falta na final! Chegava até ele, sentava ao seu lado e dizia “Romeiro, hoje eu não vou falar daquele gol…e começava… Falta de Zito em Zequinha, Laercio no canto direito, 6 homens na barreira ..correu Romeiro bateu e é goooooooooollllll. Sua expressão de emoção e alegria me fazia sentir uma felicidade indescritível…sinto muito não ter podido contar isso ao vovô Carlos e ao meu Pai! Mas está entre as minhas muitas alegrias que tive com meu time do coração.
Voltando ao início do ano escolar tudo caminhava daquela forma para um menino de 9 anos, escola nova, professora que era sua tia, com muita coisa nova pra aprender e mostrar que nada foi em vão! Era já o famoso “matar um leão por dia!” A história continuava e eu mergulhado nos meus problemas e desafios não conseguia ver ou sentir o drama que passava meu pai em São Paulo, sem emprego e morando em pensão! Ouvi dizer que tinha um tio que estava muito bem de vida mas não se importou muito em ajudar meu pai na época, mas no final de sua vida o destino o colocou para ser ajudado por ele. Coisas de nossa vida cíclica e evolutiva. Depois de muitos anos que entendi o porque de meu pai detestar tanto vir pra São Paulo. Tinha as piores lembranças que alguém poderia ter.
Em outubro vem a notícia! Finalmente meu pai tinha conseguido um emprego, só que numa cidade que tinha sido fundada há muito pouco tempo bem distante dos grandes centros! Umuarama, com apenas seis anos de vida, sem qualquer infraestrutura mesmo, verdadeiramente no meio do mato no longínquo norte do Paraná! O Banco Comercial do Paraná, o Bancial, iria abrir uma agência lá e ofereceu ao meu pai que aceitou sem pestanejar. Minha mãe também nem pensou e sequer questionou, muito pelo seu caráter de companheira e guerreira e também porque acho que já não aguentava mais viver daquela forma, de favor e sem marido. Talvez tenha sido deles que eu tenha herdado essa verve nômade de buscar o desconhecido e enfrentar novas aventuras pelo mundo.
Mas aí aparece uma questão difícil! O que fazer com Elcio? Como deixá-lo largar a escola faltando apenas três meses para concluir o curso? E como deixar um menino de 10 anos longe da mãe que já não tinha a família toda unida há muito tempo! Minha participação na decisão foi apenas uma, ou seja, se eu conseguiria ficar mais três meses só com os avós pra não perder o ano escolar. Vejam só a mentalidade da época! No mundo de hoje essa preocupação seria muito pequena pois um ano a mais ou a menos não parece ter muita importância na vida das crianças, pelo menos para os pais modernos. Nem estou criticando apenas mostrando que na época era sim um fato muito importante! E a minha resposta para a questão colocada talvez não tenha sido a que eu eu sentia, mas sim a que eu senti que deveria dar. Depois de tudo que tinha sido feito, dos esforços da minha tia, da minha mãe costurando meu uniforme, com ajuda dos meus avós e o sacrifício de meus pais para eu ter material escolar que permitisse desempenhar a contento, como eu poderia largar tudo e jogar esses esforços, essa luta, no lixo? E firme como um forte deve ser disse que ficaria e terminaria meu terceiro ano sem saber que a partir daí iria conhecer um dos sentimentos mais sofridos que um ser humano pode ter! A saudade! Muita saudade.
Ver minha família partindo, principalmente minha querida mãe, doeu, e muito! Doeu como nunca tinha doido antes. Nem a dor terrível do queixo quebrado! Era uma dor na alma! Confesso que chorei muito muito mesmo mas jamais na frente de meus avós principalmente do meu avô de quem eu queria admiração de neto homem e forte! Chorava muito a noite mas aos poucos fui me acalmando. Aprendi muito cedo que não conseguiria mudar aquilo sobre o qual eu não tinha poder e controle. Precisava continuar a focar nos meus estudos e mais que isso, resolvi aumentar minha dedicação e só estudava, estudava e estudava, pois não podia decepcionar ninguém, minha tia, meus avós e principalmente meus pais, com especial deferência à mamãe. Até o final do ano as coisas correram assim e então após as provas finais houve uma pequena celebração na escola, onde fomos eu, meus avós e lógico minha tia.
Naquela época as coisas não nós eram passadas de forma transparente e embora eu soubesse que tinha ido bem pois minhas notas nas provas intermediárias eram boas, fomos para a cerimônia com muita expectativa, e um pouco de medo, pelo que pudesse acontecer. Para minha surpresa e muita alegria e uma enorme satisfação e muito orgulho de minha tia, o sobrinho que era “um a mais” na sua já lotada classe, foi não só o melhor aluno da classe como recebeu do diretor o prêmio de melhor aluno do Grupo Escolar! Foi um alegria muito grande, mostrando-me que determinação é tudo nessa vida e que sem ela não há conquista!
Nas férias nova mudança.
Minha avô me acompanhou até Umuarama. Saímos de Jaú de trem para São Paulo, passamos uma noite na casa do meu tio Willy e fomos de avião até Londrina num Costelation da Sadia, empresa área da época que depois viria a se transformar em Transbrasil e desaparecer há algum tempo. De Londrina pegamos um avião pequeno e fomos até Umuarama onde descemos num aeroporto pequeno cuja pista era de terra e a cada aterrissagem levantava muita poeira, que deixava sujos a todos que lá estavam para esperar seus parentes ou amigos.
O reencontro com minha família foi emocionante e mais uma etapa se iniciava na minha vida.
Umuarama no ano de 1960/61 não tinha qualquer progresso que estava acostumado a ver. Não havia luz elétrica em casa, usávamos os famosos lampiões de gás. A água era de poço tirada com balde. No quintal tinha uma pequena horta e um galinheiro que nos ajudava na alimentação. A cidade não tinha qualquer asfalto, muita terra, areia e muito mato! Era uma vida meio selvagem. Mamãe encontrou pequenas cobras algumas vezes enquanto limpava o quintal. A noite dormíamos com ratoeiras embaixo das camas para pegar os ratos que invadiam a casa! E vejam bem, a nossa casa era das melhores, pois papai era gerente de banco, considerado um dos 4 cargos mais importantes na cidade, ao lado do prefeito, do padre e do juiz de direito. O único meio de comunicação entre Umuarama e o mundo era através das ondas curtas do radio e aí que começou a minha ligação mais forte com a Radio Bandeirantes de SP.
Tomávamos café da manhã ao som do programa “primeira hora” noticioso da radio que começava as 7 da manhã…E na hora do futebol era sempre nos 49 metros das ondas curtas da radio.
O ano escolar iria começar e mais uma vez eu teria que enfrentar nova cidade, nova classe, novos colegas etc. Era o quarto ano primário e eu mudava pela quarta vez. Naquela época não se dava muita importância pra isso, se fosse hoje talvez precisasse de acompanhamento psicológico ou coisa parecida!
Talvez algumas atitudes em nossa vida adulta possam ter sido consequências de muitas dessas situações que passamos na infância / juventude!
Eu falei que a nossa porta de comunicação com o mundo era através do radio e foi tão marcante que carrego até hoje comigo um pequeno radinho portátil e ouça radio AM!
Teve um fato interessante em Umuarama! Estávamos almoçando em casa, ouvindo o radio naturalmente, quando o locutor disse “atenção moradores de Umuarama no norte do Paraná! Quem conhecer fulano de tal (não me lembro seu nome) favor avisar que sua mãe faleceu aqui em São Paulo e não há como comunicar-se com ele!” Por coincidência essa pessoa era professor no grupo escolar onde eu estudava … Assim que ouvi a notícia peguei minha bicicleta e fui na casa dele (cidade pequena e todos sabiam onde morava todo mundo ) … Chegamos praticamente juntos, eu e mais alguns colegas que também tinham ouvido… Coisas de um mundo que hoje parecem tão distantes com o alcance da tecnologia da comunicação…
O ano de 1960 chega ao fim com um fato triste no futebol! Palmeiras chega à final da Libertadores e perde o título para o Penarol do Uruguai após empate no Pacaembu.
Década 2 1961 a 1970
1961 se passa inteiro em Umuarama sem muitos acontecimentos marcantes!
A cidade cresce num ritmo muito forte e aos poucos alguns sinais de progresso começam a aparecer.
A cidade já oferece energia elétrica para uma minoria com gerador que permite usufruir dessa maravilha de 3 a 4 horas por noite! A água já e captada com motor elétrico, deixando de usar a força humana para “puxar” água do poço!
Na escola termino o primário e em seguida tenho que fazer a “admissão” para conseguir iniciar o ginásio! Uma espécie de pequeno vestibulinho que foi realizado na vizinha cidade de Cruzeiro do Oeste, que concentrava os alunos da região!
Ao final de 61 com tudo feito de acordo, decide-se por algo que terá impacto violento na minha vida!
A necessidade de me afastar novamente da família para continuar os estudos, pois Umuarama não oferecia o curso ginasial ainda!
No início de 1962, fui estudar num colégio interno! Na época um dos mais procurados e renomeados do estado e da região Sul (na época não existia a divisão com sudeste, somente sul)! Colégio Cristo Rei em Jacarezinho, Paraná, onde já estava meu irmão mais velho, Paulinho!
Sem dramas, mas sendo muito realista! Imaginem um menino de 11 anos saindo de casa para ficar num colégio interno a 600 km de casa, sem qualquer comunicação que não fosse uma carta manuscrita que demorava muito a chegar…senti uma sensação de perda muito grande , mas não podia fazer nada…
Vale aqui uma observação. Estamos falando de 1962, e, naquela época, e ainda mais no interior do Paraná, um menino de 11 anos era muito criança, sem qualquer maturidade, completamente “bobo” em relação a tudo. Acreditava ainda em Papai Noel e achava que criança realmente era trazida ao mundo pela cegonha…Podem rir mas era verdade e a realidade daquele tempo. Totalmente diferente de um menino de 11 anos hoje…
Então imaginem esse menino saindo do seio de sua família, do colo de sua mãe, e indo morar tão longe, tirando-lhe o direito e a possibilidade de ter uma vida normal, vivendo ao lado de quem amava e por quem deveria ser educado mais de perto. Pra quem lê isso agora é muito difícil de entender a gravidade disso tudo…. Mas, pra quem viveu …
Mas voltemos à realidade e aos fatos!. A despedida foi terrível, mamãe chorou muito e eu também, mas a vida tinha que seguir. E lá fomos nós.
A chegada no colégio foi a pior possível, e como era de se esperar, além de não conhecer ninguém o meu irmão que lá estudava (Paulo) não queria muita aproximação, afinal era mais velho e já estava lá há um ano e se sentia um veterano. A vida no colégio era baseada em muito estudo, sob uma disciplina muito rígida, comandada por padres oriundos da Alemanha, carregando aquele método meio militar.
Acordávamos as 6 da manhã num dormitório de aproximadamente 150 alunos, todos na mesma faixa etária. Cada um procurava levantar o mais rápido possível pois os banheiros eram poucos para tanta gente. Escovar os dentes e descer pra sala de estudo, antes do café da manhã. Era comum muitos alunos dormirem na carteira, pois elas permitiam que nos escondêssemos atrás de sua tampa, que servia com escrivaninha e guardávamos os cadernos e livros etc ! Era famosa a frase do padre Walter, dizendo “fecha a tampa fulano”. Era um padre já idoso muito gordo e quando precisava se levantar para ir até o aluno x que não obedeceu ficava muito nervoso e quando chegava na carteira e via o aluno debruçado e dormindo, fazia-o acordar com um violento soco com os dedos da mão fechados… Era o famoso “crock ” do Padre Walter que se fosse hoje seria processado….
Praticamente todos os alunos que por lá passaram receberam pelo menos uma vez esse “presente” dele! Talvez havia um pouco de exagero sim mas essas pequenas “maldades” que passávamos, com certeza ajudou-nos muito a crescer como Homens, pois nem pensávamos em reclamar com nossos pais…
Hoje a evolução levou-nos ao outro extremo onde as crianças são tratadas com muita frescura às vezes, na minha opinião, o que dificulta a maturidade em muito …eu particularmente só me lembro de ter sido advertido uma única vez…doía muito e eu não gostava, então evitava ao máximo dormir na escrivaninha…
Mas voltando ao colégio Cristo Rei …
Após essa hora de estudo descíamos ao refeitório pra tomar nosso café da manhã que se restringia ao café com leite, pão caseiro e manteiga.
As 8 horas da manhã já estávamos na sala de aula onde encontrávamos os alunos da cidade que vinham estudar no colégio, pois apesar de ser um internato aceitava alunos que vinham só estudar e que não moravam lá.
Além da disciplina rígida o nível do colégio era altamente conceituado e vinham muitos alunos da região para estudar! Tive uma excelente base pois os professores eram muito bons e muito exigentes.
Hoje tenho plena consciência que meu pai pagava um valor muito alto para nos manter nesse colégio, considerado um dos melhores do sul do Brasil na época.
Após as aulas pela manhã íamos almoçar e logo em seguida novamente para as salas de estudo até as 15.30 quando acontecia o tão esperado “momento de atividades esportivas” onde jogávamos futebol, basquete, vôlei etc …
Para se ter uma ideia da disciplina rígida, qualquer aluno flagrado em algo não aceitável, por menor que fosse, havia sempre uma punição! Como por exemplo, falar com um colega na fila do refeitório era falta grave e a punição começava com proibição de ir às atividades esportivas à tarde, enquanto não cumpríssemos alguma tarefa dada pelo inspetor de classe do dia! A tarefa mais comum era copiar várias páginas do livro de história ou geografia . Depois de muitas punições (rsrsrs) a gente notou que inspetor só olhava a primeira e a ultima página do texto determinado por ele, então o que fazíamos? Durante o dia preparávamos várias páginas de um livro de história qualquer pois as punições eram inevitáveis dado ao alto grau de rigidez da disciplina implantada! Então, quando solicitados a preparar as cópias do texto, copiávamos a primeira e a ultima e juntávamos com as já feitas antes. Lógico que éramos espertos o suficiente para não entregarmos tão rápidos pra não levantar suspeitas… Malandragens inocentes para não perder as horas mais gostosas do dia, que eram as práticas esportivas. Eu basicamente só jogava futebol, todos os dias, era meu momento muito gostoso e feliz! Depois no final da tarde íamos tomar banho, depois jantar e as 8 da noite já estávamos dormindo, ou pelo menos deitados.
Estamos falando de 1962 e naquela época só havia um modo de comunicação com a família, ou seja, a famosa e boa carta manuscrita…a sensação de receber uma carta da mãe (o pai não escrevia ou se escrevia era muito raramente) era indescritível . Eu tinha todo um ritual pra ler. Ao recebê-la, abria o envelope com muita lentidão e ao abri-lo começava a ler cada palavra como se estivesse sorvendo um néctar maravilhoso que engolia em gotas deliciosas conforme lia… Quanto mais folhas continha a carta mais feliz eu ficava e ainda mais devagar demorava a ler. Apesar de ter só o ginásio minha mãe tinha uma letra linda, letra de professora como se dizia antigamente. Depois de saboreá-las intensamente guardava-as numa pequena caixa de sapatos como se fosse (e para mim eram) um tesouro.
A vida no colégio embora pareça não tinha nada de rotina enjoativa e monótona, pois todos os dias algo novo acontecia nem que fosse uma punição ou um castigo… rsrsrs
Todos os dias tínhamos aulas, inclusive aos sábados. O dia livre era o domingo quando podíamos sair do colégio após assistirmos a missa e passar o dia fora! Como o dinheiro era curto, pois os pais mandavam um pequeno valor que os padres nos passavam, não podíamos fazer grandes coisas! Não me lembro de ter ido a uma sessão de cinema em Jacarezinho, e o almoço da maioria era um conhecido “pão com ovo” servido num bar no centro da cidade!
Mas esses domingos tiveram um papel muito relevante na minha vida. Como mencionei, tinha ganho um radio portátil do meu tio Willy e trouxe comigo para o colégio. Aos domingos após o almoço a minha diversão e de mais uns outros colegas era escutar a Radio Bandeirantes de SP nas suas ondas curtas de 49 metros… E acompanhar o campeonato Paulista. Mas não era um simples acompanhamento, era uma verdadeira “participação” pois tínhamos um pequeno caderno onde anotávamos todos os jogos com as escalações dos times, gols marcados, gols sofridos e classificação atualizada além do trio de arbitragem, público e renda. Os nomes dos jogadores eram relacionados nas folhas do caderno e anotávamos os gols feitos por cada um com bolinhas azuis ao lado e os goleiros ou eventuais gols contra anotados em vermelho . Lembro mede muitos craques do meu Palmeiras que marcaram época naqueles tempos! Goleiro Valdir, DSantos, Carabina, Geraldo Scotto, Aldemar, Zequinha, Chinezinho, Servilio, Julinho, Américo Murolo etc.. Ademir da Guia nem tinha chegado ainda…
A importância da radio Bandeirantes foi marcante pois era a nossa única ligação direta com o mundo exterior num evento ao vivo que se passava num grande centro que era São Paulo! As vozes de Edson Leite, Pedro Luiz, Mario Moraes, Luiz Augusto Maltoni, Roberto Silva , Ethel Rodrigues, Alexandre Santos, e mais tarde Fiori Gigliotti, Mauro Pinheiro, Flávio Araújo, Enio Rodrigues , José Paulo de Andrade, Barbosa Filho, e tantos outros enchiam meus domingos de muita alegria, fazendo me esquecer o sofrimento de estar sozinho, longe da família desde os 11 anos de idade. As transmissões dos jogos de futebol eram recheadas de muita emoção e muito entretenimento, sem falar na competência e conhecimento que os profissionais tinham. Os repórteres entravam em campo, entrevistavam os jogadores antes dos jogos, no intervalo e após o termino da partida, com a emoção ao vivo e direta sem essas frescuras de zona mista e entrevistas coletivas… Futebol piorou dentro e fora dos gramados também… A gente praticamente assistia e via aos jogos pelo radio. Uma curiosidade interessante. Nos escanteios quem narrava não era o locutor principal e sim o repórter que estava atrás do gol, com uma visão mais próxima do lance. Ouvi vários jogos importantes, inclusive clássicos com gols narrados pelos repórteres e não pelos locutores principais, como José Paulo por exemplo!
Então nossos domingos eram muito gostosos e especiais. Naquela época além dos times tradicionais, participavam do campeonato paulista times como meu XV de Jau, Taubaté, Jabaquara, Prudentina, Port. Santista, América Rio Preto, Noroeste de Bauru, São Bento de Sorocaba, Ferroviária de. Araraquara, Linense, XVI de Piracicaba etc.
Na Páscoa e na Semana da Pátria (ao redor de 7 de setembro) tínhamos uma semana de férias que a gente aproveitava ao máximo indo visitar nossos familiares. Para aproveitar cada minuto daquela semana saímos do colégio de madrugada e pegávamos um trem às 4.30 que nos deixava em Marques Dos Reis, próximo a Ourinhos. Descíamos e caminhávamos por alguns quilômetros até chegar à rodovia principal onde pegávamos (quem ia pro norte do Paraná como eu) o ônibus na estrada mesmo… Éramos crianças mas já conseguíamos nos virar muito bem.
Pegávamos o ônibus até Maringá e lá trocávamos por um até Umuarama. Essa viagem ate Umuarama onde morava meus país era demorada e muito difícil…apesar de apenas 130 km. Quando estava sol era tanta poeira que as vezes chegávamos em casa literalmente cobertos de pó! Além disso era de difícil dirigibilidade para os ônibus pois a areia formava elevações muitas vezes de difícil passagem. Mas quando chovia era bem pior . O barro que se formava na estrada, impedia mesmo a passagem principalmente de ônibus e caminhões . Cheguei a demorar 6, 8 horas nesse trecho e mais de uma vez passar a noite dentro do ônibus comendo bolacha e tomando água esperando o dia amanhecer, a chuva passar para continuar . Mas todo sacrifício era válido pra rever papai, mamãe e os irmãos. Algo que me lembro com muita clareza! A gente passava por tudo isso e NÃO reclamava Não xingava e não estressava ( aliás essa palavra nem existia rsrsrs). Hoje criança reclama de tudo…
O ano de 1962 transcorreu normalmente para mim pois tenho outras recordações que quero registrar. Normalmente no mês de julho fazia muito frio e chegava a gear, ou seja, durante a madrugada o frio congelava a água da umidade que caia. Várias vezes recordo-me de acordar pela manhã e pegar gelo nas plantas mesmo com sol .. Mas o que para nós crianças era uma diversão para muitos agricultores era um drama! O gelo nas folhas dos pés de café queima as plantas quando o sol batia! Drama para os agricultores (naquela época o norte do Paraná era praticamente monocultura) de café, que tinham enormes prejuízos e como consequência prejuízos as bancos que lhes emprestavam dinheiro para o plantio esperando receber na venda após a colheita.
Meu pai era gerente de banco e me lembro de tê-lo visto andando pela casa nas madrugadas de julho olhando pela janela como estava lá fora e frustrado ao ver os estragos gerados pela geada quando amanhecia!
Ah e o frio? Imaginem vocês, casa de madeira, o frio penetrava com muita facilidade e antes que perguntem vou responder.. Não tinha aquecedor não rsrsrsrs
Umuarama já tinha progredido bastante e a energia elétrica permitia até termos um motorzinho pra puxar água do poço e a illuminação já alcançava algumas horas a mais.
1963 foi um ano de um fato muito relevante! Sai do colégio Cristo Rei em Jacarezinho e fui para o seminário Vicente Palotti em Londrina!
Queria ser Padre e foi uma revolução na família! Minha mãe, que era muito religiosa, ficou encantada com a possibilidade de ter um filho dedicado totalmente a Igreja!
A vida no seminário era muito diferente do colégio. O foco era a religiosidade e o estudo! Pra começar acordávamos as 5 da manhã e assistíamos a missa em latim todos os dias. Aliás latim era matéria do currículo juntamente com grego , aulas que me dão muita saudade ao lembrar delas. Além disso nosso comportamento era muito mais calmo e falávamos muito baixo entre nós! Outra grande diferença era o trabalho! Nós seminaristas tínhamos que realizar vários tipos de trabalho que imagino faziam parte da preparação para o sacerdócio! Éramos responsáveis pela limpeza do colégio, quartos salas de aula/estudo etc e até da Igreja que fazia parte do colégio! Essas faxinas eram feitas as quartas e aos sábados! Em alguns dias da semana éramos levados até o sítio dos padres (é assim que a gente chamava) e participávamos das tarefas dos rurais ou seja plantávamos, colhíamos e capinávamos! Desse sítio vinha praticamente toda a alimentação consumida: leite, verdura, ovos, frutas .
O seminário não cobrava mensalidade fixa, pois a maioria era de origem muito pobre e quem podia (como meu pai ) colaborava e ajudava.
As atividades esportivas eram realizadas apenas uma vez por semana, as quartas feiras após a limpeza.
Não tínhamos qualquer dia livre nem os domingos.
Algumas vezes saímos para jogar futebol contra outros colégios da cidade mas sempre acompanhados pelos superiores.
Tenho recordação de um domingo de folga quando papai e mamãe vieram com meus irmãos menores, Airton e Reinaldo, e fomos almoçar fora! Era um domingo de maio, Dia Das Mães, por isso obtive a licença para sair de forma muito especial nada rotineira. A educação religiosa era bem forte, como era de se esperar, e líamos muito o evangelho… Em latim lógico … Durante os dias de carnaval geralmente fazíamos “retiro espiritual” e não podíamos conversar com ninguém , só rezar e rezar.
Mesmo com a rígida disciplina eu não me afastei do meu radinho e dentro do possível acompanhava os jogos . Como não havia fones de ouvido na época, ligava o radinho na cama e cobria a cabeça para que o som não me entregasse.
Tenho algumas recordações marcantes dessa época… Os 3 gols de Dário contra o São Paulo, o campeonato Paulista de 63 ganhando no último jogo do Noroeste , se não me engano , depois de ter ganho do São Paulo no jogo anterior… Lembro também do famoso gol do Gildo contra o Vasco pelo Rio São Paulo que dizem foi marcado aos 9 segundos… Naquela época a tecnologia não era tão avançada mas mesmo assim sempre foi considerado esse tempo!
Durante as férias, quando ia pra Cianorte, me dedicava muito à pastoral, acompanhando os padres da paróquia em visitas às regiões mais distantes, como sítios e fazendas, onde eram celebradas as missas para a população …
Várias vezes tínhamos que percorrer muitos lugares no mesmo dia e então, para ganhar tempo, eu fazia o “sermão” entanto o padre ia celebrando a missa..Talvez por isso peguei o hábito de gostar de fazer discurso….
Os padres da época em Cianorte eram padre Nélson, Renato Luiz e […]
Mamãe, apesar de sentir minha falta, ficava orgulhosa de me ver tão envolvido com a religião/ igreja, que ela tanto gostava!
Nessas andanças pelas fazendas e sítios a gente aprendia muito com a simplicidade daquele povo (será que ainda tem gente assim?)
Éramos tratados tão bem que a maior dificuldade era sairmos do local pois todos convidavam pra suas casas oferecendo almoço lanches etc… Como tínhamos que atender várias localidades, só podíamos aceitar uma, sempre a última parada… Mas de todas sempre trazíamos alguma coisa… Doces, frutas, pães, galinhas etc… Realmente gente muito bondosa , que ofertava de coração limpo, fé sincera!
Posso afirmar com segurança que foi uma experiência incrível que vivi e com certeza contribuiu muito na formação do meu caráter e na minha conduta como ser humano! Talvez por isso que ao longo da minha vida sempre procurei respeitar principalmente aqueles que com menor condição de vida material… E sempre me senti e me sinto muito bem agindo dessa forma …
Mas a história continua, e depois de 2 anos outro fato mudaria minha vida! O que eu vou relatar aqui é a mais pura verdade, mesmo porque não faria sentido se assim não fosse…
Nas férias de julho 1965 ao voltar pro seminário passei uma semana praticamente sem conseguir dormir, com uma dor muito grande de saudade da minha mãe … Até que sucumbi e fui falar ao padre superior que não aguentava mais e queria ir embora … O padre após tentar ponderar viu que eu estava irredutível pois não conseguia me concentrar mais em nada .. Só queria minha mãe …. Então , diante da minha insistência o padre se encarregou de se comunicar com meu pai e acho que uns dois dias depois meu pai aparece no seminário…
Abracei-o feliz mas senti que ele não estava bem e disse-me que precisou largar do Banco (seu trabalho) pra vir me buscar…imaginei que foi um pedido da minha mãe… Afinal eu tinha 14 anos e na cabeça dele eu poderia ter ido sozinho.
Mas aí aconteceu uma verdadeira surpresa que senti como uma punhalada no peito… Se eu estava saindo do seminário por estar com saudades da minha mãe (quanta imaturidade) não via a hora de pegarmos a estrada para Cianorte pra onde meu já tinha mudado como deixei a entender antes mesmo sem ter sido direto.
Mas, aé veio a bomba… Vou te levar pra Jacarezinho de novo no Colégio Cristo Rei , onde você vai terminar o Ginásio, que era como se chamava antigamente, hoje o equivalente a oitava série. Fiquei absolutamente chocado e senti uma dor tão profunda que não consegui chorar talvez pra não mostrar pro meu pai mais essa fraqueza! Mas vamos pensar juntos … Que sensação mais dolorida dolorosa e triste que senti…EU QUERIA MORAR EM CASA COM MINHA MÃE, e não voltar pra outro colégio interno. Foi terrível!
Esses últimos seis meses no Cristo Rei foram péssimos e juntou muita coisa triste… 2 meses depois desse episódio mamãe adoeceu de forma muito grave e descobriram um tumor no cérebro …
Na semana da Pátria (como falei já em torno do dia 7 de setembro) a gente tinha férias … E eu fui pra Jaú! Mamãe já estava em São Paulo e já ia ser operada no dia de setembro na Beneficência Portuguesa . Cheguei em Jaú dia 5 e fui com meu tio Tharcizio (irmão dela) de ônibus para São Paulo…
A cirurgia durou umas 7 horas e aparentemente tinha corrido bem … Digo aparentemente porque decorridos exatos 3 anos os sintomas voltaram e ela precisaria ser operada novamente.. Na época não sabia de detalhes apenas sofria e via as coisas acontecerem. Depois de muito tempo, só após sua morte em dezembro de 1969, soube que papai sabia pelo médico que o tumor não tinha sido totalmente extirpado e que fatalmente isso voltaria ..
Segundo me contaram ela foi consultada a respeito e não quis fazer a segunda cirurgia pois o risco era muito grande! Passou o ano de 1969 praticamente na cama . Primeiro em São Paulo na Beneficência Portuguesa e depois em Jaú na casa de sua mãe, minha avó onde morei por 3 anos …
Voltando ao final de 1965 … Eu terminava o ginásio e naquela época havia uma espécie de formatura, pois era um passo importante terminar agora primeiro grau. Com minha mãe doente somente meu pai compareceu e com a necessidade de uma madrinha, meu irmão Paulinho convidou uma amiga dele de Jacarezinho mesmo pra fazer as vezes …sem dramaticidade, mas mais uma vez não pude contar com minha mãe ao meu lado ….mas a presença de meu pai aliviou minha dor.
Minha mãe já estava de volta e aparentemente curada voltando pra nossa casa em Cianorte no Paraná. Passei minhas férias lá antes de iniciar uma nova etapa, num lugar diferente e lógico … Longe de casa . Fui morar em Jau com minha avó e com meu irmão mais velho, o Paulinho, como é chamado até hoje.
Durante os três anos que lá morei – 1966/67 e 68 cursei o Científico pela manhã e o técnico em contabilidade à noite . O colégio onde estudei o Científico era estadual é considerado um dos melhores (como de praxe a esmagadora maioria das escolas Estaduais). Dizia-se à época que os somente os bons alunos conseguiam aprovação nos colégios Estaduais e aqueles que não conseguiam acompanhar e cujos pais tinham condições financeiras iam pros colégios particulares … No famoso pagou passou. O quadro de professores era excelente e o nível muito bom . Muito diferente do que se vê hoje em dia infelizmente .
Era muito comum, e comigo foi assim, que os alunos que terminavam o científico entravam diretamente nas melhores faculdades sem precisar de cursinho preparatório. Eu consegui entrar na PUC
Campinas.
Mas o ano de 1966 apenas começava e eu nos menus 15 anos, iniciando minha adolescência e vivendo com minha avó, uma pessoa dedicada mas seca, que me tratava como um filho, não tão predileto como ela tratava meu irmão. Precisei amadurecer pra entender muitas coisas que se passaram lá … Meu irmão era o primeiro neto, afilhado dela, e tinha uma ascendência muito forte. Junto com a gente morava a querida tia Nenê, irmã de minha avó, que nunca se casou e viveu a vida inteira servindo as pessoas, especialmente nos, seus sobrinhos, que a adorávamos … Ela também sofria muito na mão avó que era bastante rigorosa em todos nós sentidos. Minha adolescência foi bastante sofrida sim, mas hoje aos 64 anos consigo entender tudo e não guardo mágoa de nada. Mas na época sofri demais nas mãos dela e do meu irmão que faziam de tudo pra me contrariar e castigar … Conto isso aqui apenas como relato e não como revolta ou magoa .
Apenas para registro … Como eu gostava muito de futebol tudo era feito pra que eu não tivesse esse lazer. Naqueles tempos os jogos não eram transmitidos ao vivo e sim em VT ou seja vídeo tapes. Os jogos eram sempre as quartas e aos domingos e os VTs eram passados imediatamente após o término deles. As quartas feiras os jogos começavam as 9 da noite e o vídeo tape iniciava as 11. Meu irmão e minha avó não permitiam (algumas vezes ) que eu assistisse o tape, alegando que eu teria que acordar cedo no dia seguinte pra ir a escola … A TV da minha avó era super moderna, presente do meu tio Willy, que tinha até uma porta, sim porta de correr na frente da tela com chave e as vezes pra me castigar eles a trancavam me impedindo de ver os jogos…. Mas mesmo assim assisti muitos pois minha performance na escola era muito boa, ao contrário do Paulinho que conseguiu repetir de ano fazendo um curso só ….rsrsrsrsrsr
Mas a vida tem muitas coisas boas …. Quando eu sabia que poderia assistir ao tape, eu não escutava nada ao sair da escola técnica pra não saber o resultado e assistia o jogo como se fosse ao vivo… Podem rir a vontade… Mas naquela época era muito legal fazer isso …Era muito emocionante …. Lembro especialmente de um jogo … Lógico Palmeiras e Corinthians numa quarta feira a noite. Garrincha jogava no Corinthians … Sintam só a emoção … Eu assistindo na TV sem saber o resultado … Palmeiras ganhando de 2 a 1 … 44 do segundo tempo pênalti a favor do Corinthians . Fiquei muito bravo e pensei comigo … Nossa porque isso ? Pacaembu lotado e adivinhem que pega a bola pra bater? Garrincha …. A torcida deles foi ao delírio … Só que o nosso grande Waldir de Moraes defendeu espetacularmente … Dei um grito tão forte que acordou todo mundo e me custou alguns jogos de “suspensão ” rsrsrsrsrsr
Como disse tinha muita coisa boa … Tínhamos uma turma de amigos que saiamos quase todos os finais de semana. Éramos em muitos mas os 3 inseparáveis eram Eu, Graciano e Rosella. Nossos apelidos eram Kanda, Tcha e Sócio … Essa amizade foi tão marcante até hoje eu e o Rosella somos amigos e nos encontramos. Graciano infelizmente morreu de infarto em […]. Éramos realmente inseparáveis. Graciano morava no mesmo quarteirão que eu e também fazia cientifico pela manhã e estudávamos na mesma classe. Rosella só estudava a noite na minha classe na academia de comércio como era chamada …As vezes no meio da semana conseguíamos nos encontrar e jogar um baralho tipo truco ou buraco … Quando a aula terminava mais cedo! Nos finais de semana eram uma festa … Graciano pegava o carro do pai e íamos aos bailes nas cidades da redondeza, tipo Brotas, Bauru, Bariri, Itapuí, Pederneiras , Iritinga, Dois Córregos, Barra Bonita etc ….Éramos muito conhecidos de todos e entrávamos onde queríamos, mas as vezes em algum baile especial não conseguimos convite e éramos obrigados a fazer alguma “manobra” para entrar …Lembro de uma , acho que foi em Bauru – baile de formatura no famoso Tênis Clube. Não conseguimos convite mas fomos assim mesmo e tivemos uma ideia. Ao avistarmos algumas pessoas chegando perto da entrada, entramos rapidamente na frente e quando nos foi solicitado o convite, fizemos aquele gesto com o polegar indicando que estavam com o pessoal atrás … Entramos correndo e vimos de longe a discussão entre o porteiro e eles …. Que acabou tudo bem … Pequenas travessuras de adolescentes sem maldade.